Chico Xavier, nome pelo qual ficou amplamente conhecido, nasceu Francisco Cândido Xavier no dia 3 de abril de 1910, na cidade de Pedro Leopoldo, estado de Minas Gerais, Brasil. Ele foi um médium, filósofo e escritor brasileiro, uma das figuras mais importantes do movimento espírita no Brasil e no mundo. Ao longo de sua vida, Chico psicografou mais de 450 livros, muitos dos quais se tornaram clássicos da literatura espírita e ajudaram a divulgar o espiritismo, um ramo da filosofia e religião que acredita na comunicação entre os vivos e os espíritos dos mortos.
Sua vida foi marcada por uma profunda devoção à prática do bem, da caridade e da mediunidade. A história de Chico Xavier é não só a de um grande médium, mas também a de um ser humano humilde, altruísta e dedicado ao próximo, que dedicou sua existência à espiritualidade e à ajuda aos outros, sem buscar fama ou recompensa. A seguir, exploraremos a trajetória de Chico Xavier, suas contribuições ao espiritismo, e o impacto que ele deixou na sociedade.
Primeiros Anos e Desenvolvimento Espiritual
Chico Xavier nasceu em uma família humilde. Sua mãe, Maria João de Deus, foi uma pessoa de fé, e seu pai, Augusto Cândido Xavier, era trabalhador rural, mas abandonou a família ainda quando Chico era muito jovem. Desde cedo, Chico experimentou dificuldades na vida, com uma infância marcada pela perda do pai, por dificuldades financeiras e pela solidão. Ele sempre foi uma criança introspectiva, com uma sensibilidade incomum e uma forte conexão com o espiritual.
Aos 4 anos de idade, Chico começou a manifestar sinais de mediunidade, ou seja, a capacidade de comunicar-se com espíritos. Sua mãe relatou que ele falava com pessoas que não estavam presentes fisicamente, o que preocupou a família. A princípio, seus pais não compreendiam muito sobre esses fenômenos, e, embora houvesse certa apreensão, o fato de Chico ser uma criança tão boa e calma fez com que os familiares aceitassem sua sensibilidade mediúnica.
Desde cedo, Chico demonstrou uma afinidade especial por livros, especialmente aqueles relacionados à religiosidade e espiritualidade. Aos 16 anos, em 1926, ele passou a ter acesso aos livros espíritas, e sua trajetória no espiritismo começou com a leitura das obras de Allan Kardec, o fundador da doutrina espírita, particularmente o “O Livro dos Espíritos”.
Com o tempo, Chico se dedicou à prática da mediunidade, o que o levou a entrar em contato com espíritos, e a trabalhar com a psicografia — o processo de escrever mensagens supostamente ditadas por espíritos. Em um de seus primeiros encontros com a espiritualidade, Chico recebeu a visita do espírito de Emmanuel, um mentor espiritual que seria seu guia durante grande parte de sua vida.
O Início da Psicografia
Chico Xavier começou a psicografar em 1927, quando ele tinha 17 anos. Sua primeira experiência mediúnica foi escrever uma mensagem do espírito de seu pai, o que o impressionou profundamente. Esse evento deu início a uma série de comunicações espirituais, que continuaram durante sua vida. No começo, ele psicografava sem entender bem como o processo funcionava, mas com o tempo, ele aprendeu a distinguir quando um espírito estava se comunicando e quando ele estava escrevendo espontaneamente.
Em 1931, Chico Xavier teve seu primeiro trabalho público com a psicografia. Ele escreveu uma mensagem do espírito de Casimiro Cunha, um poeta falecido, o que foi muito impactante para os presentes na reunião mediúnica. Este foi o ponto de partida para a divulgação de sua mediunidade.
Ao longo de sua vida, Chico psicografou livros inteiros de mensagens ditadas por espíritos, e muitos desses livros trataram de temas espirituais e filosóficos, abordando a vida após a morte, a reencarnação e o karma. Ele sempre afirmou que não escrevia os livros por vontade própria, mas apenas como um instrumento para transmitir as mensagens dos espíritos.
As Obras Psicografadas
Chico Xavier psicografou mais de 450 livros durante sua vida, muitos dos quais se tornaram clássicos da literatura espírita. Entre seus livros mais conhecidos, destacam-se:
- “Nosso Lar” (1944) — Este é, sem dúvida, o livro mais famoso de Chico Xavier. Nele, o espírito André Luiz narra suas experiências no plano espiritual após sua morte. “Nosso Lar” descreve um mundo espiritual organizado, cheio de instituições para o aprendizado, cura e evolução dos espíritos. O livro também aborda temas como o processo de adaptação no além-túmulo, a importância do trabalho e a evolução moral.
- “E a Vida Continua…” (1963) — Outro livro psicografado de André Luiz, que discute o processo de evolução espiritual e como as ações de cada indivíduo na Terra afetam sua vida no plano espiritual.
- “Ação e Reação” (1957) — Neste livro, André Luiz explora as consequências das ações humanas, demonstrando como os espíritos se relacionam com os acontecimentos da vida na Terra e suas repercussões no mundo espiritual.
- “Parnaso de Além-Túmulo” (1932) — Este foi o primeiro livro psicografado por Chico Xavier, e nele ele transmite poesias de autores falecidos, como Fábio de Mello, Casimiro Cunha e outros. A obra mostra como a comunicação entre os mundos físico e espiritual pode ocorrer de forma literária.
- “O Consolador” (1935) — Ditado pelo espírito Emmanuel, este livro traz ensinamentos sobre os desafios da vida e a importância do amor, da fé e da paciência diante das dificuldades.
- “Vinha de Luz” (1943) — Outra obra de Emmanuel, que contém mensagens de orientação espiritual, focando na moral cristã e na aplicação dos princípios espirituais no cotidiano.
Chico Xavier também psicografou livros de outras personalidades espirituais, como Bezerra de Menezes, Irmão José e Maria João de Deus, tratando de temas diversos como saúde, família, educação e moral.
O Legado e a Humildade de Chico Xavier
Apesar de sua imensa popularidade e do reconhecimento de sua mediunidade por milhões de pessoas, Chico Xavier manteve uma vida de extrema humildade. Ele sempre viveu de forma simples, sem jamais buscar fama ou dinheiro para si. Grande parte do que ele recebia com a venda de seus livros era destinada a obras de caridade, e ele nunca usou sua posição para benefício pessoal. Chico sempre destacou que sua missão era apenas transmitir os ensinamentos espirituais e auxiliar aqueles que o procuravam.
Em sua vida, ele fundou várias instituições de caridade, ajudando especialmente os necessitados. Uma de suas iniciativas mais conhecidas foi a Casa de Luz, uma instituição que fornecia assistência a pessoas em situação de vulnerabilidade social, especialmente aquelas que precisavam de cuidados médicos e espirituais.
Chico Xavier também foi uma figura de grande importância em momentos difíceis da história do Brasil. Durante a ditadura militar, ele foi uma figura de resistência moral, utilizando a mediunidade para transmitir mensagens de paz, amor e fraternidade, e incentivando os brasileiros a manterem a fé e a esperança.
Reconhecimento e Homenagens
Ao longo de sua vida, Chico Xavier foi homenageado por diversas organizações, incluindo entidades espíritas, governamentais e culturais. Ele recebeu inúmeras medalhas e prêmios, sendo reconhecido como um dos maiores médiuns e filantropos da história. Em 1981, foi declarado cidadão honorário de São Paulo, e, em 1983, recebeu uma medalha de Mérito Cultural do Governo Brasileiro.
Em 2001, pouco antes de sua morte, Chico Xavier recebeu o Prêmio Internacional de Paz, entregue pelo Congresso Mundial de Espiritismo, e teve sua vida registrada em diversos filmes e documentários, consolidando ainda mais seu legado.
Morte e Legado Duradouro
Chico Xavier faleceu no dia 30 de junho de 2002, aos 92 anos, em Uberaba, Minas Gerais. Sua morte foi um evento de grande comoção no Brasil e no mundo, com milhares de pessoas prestando homenagens a ele. O médium foi enterrado com grande cerimônia, e seu legado perdura até hoje, tanto no movimento espírita quanto na cultura popular.
Após sua morte, sua obra continuou sendo estudada e divulgada, e muitas pessoas afirmam ter encontrado conforto e inspiração nos livros psicografados por ele. Além disso, diversos filmes e produções culturais continuam a contar sua história, levando seus ensinamentos a novas gerações.
Chico Xavier deixou um legado de amor, paz, humildade e dedicação ao próximo. Seu exemplo de vida continua a inspirar aqueles que buscam uma compreensão mais profunda da espiritualidade e da importância da prática do bem em suas vidas.
Bibliografia
XAVIER, Chico. Nosso Lar: uma cidade no além. 1. ed. São Paulo: Federação Espírita Brasileira, 1944.
XAVIER, Chico. Ação e Reação. 1. ed. São Paulo: Federação Espírita Brasileira, 1957.
XAVIER, Chico. Missionários da Luz. 1. ed. São Paulo: Federação Espírita Brasileira, 1945.
XAVIER, Chico. E a Vida Continua…. 1. ed. São Paulo: Federação Espírita Brasileira, 1963.
XAVIER, Chico. Parnaso de Além-Túmulo. 1. ed. São Paulo: Federação Espírita Brasileira, 1932.
XAVIER, Chico. O Consolador. 1. ed. São Paulo: Federação Espírita Brasileira, 1935.
XAVIER, Chico. Vinha de Luz. 1. ed. São Paulo: Federação Espírita Brasileira, 1943.

Graduanda em Química (licenciatura) pela Universidade Estácio de Sá e em Teologia pela Universidade Estácio de Sá. É pós-graduada, MESTRADO, pela ENSP/ FIOCRUZ em Ciências (2004) e pós-graduada LATO SENSU em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pelo DECISUM/ UGF (2008-2009). Possui graduação em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/ FND/ UFRJ (2007), graduação em Filosofia (bacharelado) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ UERJ (2006), graduação em Ciências Sociais (bacharelado) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/ UFRJ (2002) e graduação em História (bacharelado e licenciatura) pela Universidade Federal Fluminense/ UFF (2000) e cursa especialização em Astronomia Planetária pela Academy Space.